Sobre o marrare número 11
O Marrare número 11, dando continuidade ao perfil que vem mantendo desde sua inauguração no espaço virtual, sofreu algumas modificações, em relação à diagramação, às seções (home, apresentação, ficha técnica, contato) e à composição dos conselhos, em função dos critérios estabelecidos pelo Sistema Qualis.
Jean-Michel Vivès apresenta uma surpreendente leitura do famoso episódio da Odisséia de Homero, que é o encontro de Ulisses com as sereias, a partir da interpretação de Kafka, que, segundo o autor, destorce o mito, emudecendo as sereias e ensurdecendo Ulisses. É a interpretação de Kafka que irá permitir ao autor estabelecer uma relação entre o silêncio das sereias e a voz, que, segundo Lacan, é o objeto da pulsão escópica.
Marina Machado Rodrigues, especialista em literatura do século XVI e, especificamente, em Camões, faz uma leitura comparativa entre um soneto de Camões e outro de Petrarca para demonstrar que eles apresentam diferentes versões sobre o amor.
Sérgio Scotti escreve um artigo em que interpreta vários autores (em Flaubert, a pulsão escópica, que tem como objeto o olhar e, em Joyce, a pulsão invocante, que tem como objeto a voz), a partir da psicanálise, principalmente, de Freud e de Lacan.
Felipe Castelo Branco apresenta uma leitura do livro inacabado de Clarice Lispector para pensar as relações entre culpa e angústia na melancolia. O autor adverte que não pretende diagnosticar Clarice. O que lhe interessa, nesse artigo, é mostrar “como a experiência da escrita pôde lançar a autora numa posição muito próxima daquilo que nomeamos de experiência de abismo, posição que o melancólico freudiano também frequenta.”
Gustavo Silveira Ribeiro e Madalena Vaz Pinto escolhem dois autores portugueses: Lobo Antunes e José Saramago, para discutirem o romance de formação e a presença do narrador, respectivamente.
Na seção Primeiros Ensaios, temos dois artigos de alunos do Mestrado de Literatura Portuguesa. Isabelle Meira Christ que, tendo como instrumento a filosofia de Gilles Deleuze, faz uma leitura dos poemas de Alberto Caeiro a partir da seguinte questão: “Como a forma de ver do mestre permite que ele veja as coisas sempre “pela primeira vez” – diferentes? como lhe permite sabê-las singulares? Sylvia Helena Macedo de Faria propõe uma leitura da novela O Mestre, a partir dos seguintes conceitos psicanalíticos: amor, gozo e neurose histérica.
Em Alfarrábios, temos duas cartas de Fernando Pessoa: em uma, ele conta a estória de um pequeno lavrador e negociante de gado (Manuel Peres Vigário), cujo sobrenome teria dado origem à significação da palavra vigário como trapaceiro, vigarista; em outra, ele se dirige ao diretor do jornal, lamentando a publicação de uma “historieta sem pés nem cabeça”
E finalmente temos três resenhas: os livros de Mário Carvalho (Era uma vez um alferes e outras histórias) por Flávio Garcia e o de Mário Cláudio (Boa noite, senhor Soares) por Regina Michelli e um novo número da coleção Clepsidra (O insólito e seu duplo) por Júlio França.
ATENÇÃO: A partir desse número, temos novas normas para a preparação dos textos e novo endereço eletrônico. Consulte a seção "Instruções aos Autores" dentro de "Ficha Técnica".