Sobre o marrare número 12
O Marrare chega a seu décimo segundo número, com vários colaboradores: professores doutores de diversas áreas, representando várias instituições do Brasil e do exterior.
A professora Monica Rector, da Universidade da Carolina do Norte, EUA, escreve sobre a obra Montedemo de Hélia Correia, conduzindo-nos a refletir como a mulher se liberta do sistema patriarcal e assume um comportamento condizente com o feminismo e com o pós-colonialismo em Portugal.
Temos dois ensaios sobre a obra de Lobo Antunes. “Arquipélagos de insônia brilham no escuro na ficção de António Lobo Antunes” de Ângela Beatriz Carvalho Faria, e “As naus". passado e presente no consciente português” de Raquel Cristina dos Santos Pereira. Ângela, tomando, por base, a metáfora “arquipélago da insônia”, título do último romance do escritor, publicado em 2008, convida-nos a refletir sobre a reincidência de determinados temas e estratégias textuais na produção ficcional antuniana. Raquel, a partir da leitura de As naus, 1988, mapeia algumas representações literárias visando à reflexão sobre a condição pós-colonial.
Cíntia Machado de Campos Almeida, em “Para quem tem medo do escuro: Mia Couto e o lado de lá da ‘noitidão’.”, apresenta uma leitura do livro O gato e o escuro, destinado ao público infantil.
Terezinha de Jesus Aguiar Neves, em “Manhã submersa: a força da afetividade da escrita em ‘gesto de posse da vida’ na narrativa literária de Vergílio Ferreira”, visa o estudo da afetividade a partir de uma fundamentação filosófica.
Em outros ensaios, encontramos propostas de leitura a partir da psicanálise. Nessa direção, temos os artigos de Laéria Fontenele e de Iracy de Souza. Laéria, tendo como referência a protagonista, visa o estudo das relações entre o amor, o ódio e o olhar, no conto O Búfalo de Clarice Lispector. Iracy se detém no estudo dos afetos e das pulsões, com o objetivo de demonstrar o modo pelo qual se constrói a singularidade de um sujeito, no conto José Matias de Eça de Queirós.
A leitura de Sagarana por Roberto Costa visa demonstrar que a concepção de amor de Guimarães de Rosa se articula com a versão do amor na Grécia antiga.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade é lida pelo poeta e professor Carlos Augusto Viana, que se detém em recortar três aspectos de sua obra: a consciência social, a metapoesia e as relações entre a expressão poética e os elementos do cotidiano.
Marcus Motta, em sua leitura de “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos, propõe estabelecer articulações entre a assinatura do poema, que remete para a “situação heteronímia de Fernando Pessoa”, e a escuta do verso que “que não estava ali nas estrofes: a assinatura Álvaro de Campos”.
Na seção “Primeiros Ensaios”, temos a colaboração de Lídia Bantim Frambach e de Fábio Pessanha. Lídia retoma a questão do eu e seu duplo, inaugurada por Plauto em Anfitrião, em sua leitura da peça Um deus dormiu lá em casa, de Guilherme Figueiredo. Fábio envereda pelos caminhos da hermenêutica ao interpretar as variações dadas ao barroco estético, a partir de conceito alcunhado pelo poeta moçambicano de Virgílio de Lemos.
A seção Alfarrábios reproduz a carta de Émile Zola sobre o caso Dreyfus, intitulada J'accuse (Eu acuso), endereçada ao Presidente da República, Félix Faure e publicada no jornal literário L'Aurore, em 1898, promovendo um inflamado debate público sobre o caso Dreyfus, que mobilizou a França por muitos anos.
A seção “Resenhas” apresenta três leituras críticas: o último romance do escritor moçambicano Mia Couto, Venenos de Deus, remédios do Diabo: as incuráveis vidas de Vila Cacimba, por Cláudia Amorim; o livro Órfãos do Eldorado de Milton Hatoum, por Regina da Costa da Silveira; e o quinto livro da escritora moçambicana Paulina Chiziane, O alegre canto da perdiz, por Maria Geralda de Miranda.
ATENÇÃO: A partir do número 11, temos novas normas para a preparação dos textos e novo endereço eletrônico. Consulte a seção "Instruções aos Autores" dentro de "Ficha Técnica".